RESENHA
“O
CHAPEUZINHO CONTINUA VERMELHO MAS A HISTÓRIA...”
O vídeo é uma produção feita por Ângela Lago que reescreve o
conto Chapeuzinho Vermelho de Charles Perrault. Ele foi produzido com desenhos que lembram
desenhos infantis pintados a lápis de cor e o que mais chama a atenção são os
novos elementos incluídos na narrativa tradicional do conto, tais como a
chapeuzinho batendo no lobo, o lobo que entra e abraça a vovó, um lobo que lê
estórias para a menina, entre outros.
Com esta produção a autora, nos faz repensar o ato de ler, diante
das novas tecnologias, pois a mesma parece preocupar-se com as crianças
leitores (usuários) dos meios tecnológicos e que, em sua maioria não tem o
hábito de ler livro impresso, mas manuseiam com desenvoltura o computador. Nesse sentido ela inova e surpreende o
público trazendo para a linguagem das mídias, uma nova versão de um conto já
tantas vezes contado.
A animação
dura mais ou menos 2 minutos e, dificilmente as crianças se contentarão em
assisti-lo apenas uma vez, e isso nem seria aconselhável, pois, para uma melhor
compreensão da história em si e do conteúdo como um todo, seria bom que eles
vissem (e participassem) o vídeo várias vezes, e para tanto, basta o leitor
iniciar a apresentação da história e os personagens já se colocam em movimento,
prontos para fazer e acontecer dentro da narrativa.
Porém, isso não é percebido logo, pois o inicio
do filme dá impressão de que é apenas o conto Chapeuzinho Vermelho sendo
contado mais uma vez, mas o leitor perceberá logo que, o que tem de semelhante
é apenas o início, pois o vídeo, assim como o conto, começa com a mãe chamando a Chapeuzinho e
ordenando-lhe a ir até a casa da vovó. Logo a seguir o leitor já percebe que
será conduzido e induzido a participar da mesma, tomando decisões sobre o
desenrolar dos acontecimentos, fazendo um diálogo interativo com o texto. Com isso ele tem a oportunidade de ser
coautor, podendo fazer inferências apropriando-se de diversos tipos de
linguagens.
No entanto, outra coisa que chama
atenção é, exatamente, a linguagem que, contrariando o tradicional costume de
contar histórias, a linguagem verbal é pouco explorada, pois o único momento em
que ela aparece é no título.
Na obra, a autora usa e abusa das
combinações de cores, de movimentos e de vários outros recursos e códigos que
chamam cada vez mais atenção do leitor e desperta sua curiosidade, convidando-o
a fazer escolhas, ativando assim, sua imaginação e sua inteiração com o texto.
Esta nova maneira de contar a estória
parece se apresentar principalmente para passar às crianças ideias de não
violência. Ela mostra um mundo onde lobos e crianças podem e devem viver e
conviver em paz. Cabe ao professor
permear essa discussão levando as crianças a perceberem a importância de se
fazer boas escolhas, pois a história aponta sempre para a personagem e para o
leitor (coautor), a possibilidade de escolher entre ir ou não pelo caminho
da floresta, a vida ou a morte para a
vovó, e aparecimento ou não dos caçadores.
O vídeo é uma produção de fácil
compreensão com requisitos básicos que atende ao público infantil, parece feita
de criança para criança e o espectador participa da estória dando vida e
movimentos às personagens, como em um jogo de computador. Dessa forma, o vídeo
inova, surpreende, encanta e por essa razão pode ser usado como um forte aliado
nas aulas, a fim de transformá-las em algo que dinamiza e desperta o gosto pela
leitura. Com ele os diversos usos da linguagem podem e devem ser explorados em
suas diversas formas e contextos tanto no visual quanto no verbal e sonoro;
lendo e interpretando de formas diferentes explorando os elementos que dão vida
à historia. É, portanto, a interatividade que faz a diferença nessa nova forma
de contar a estória, pois a autora, ao recontar o conto, não aumentou só um
ponto, mas vários, abrindo inúmeras possibilidades ao leitor e ao professor que
optar por utilizá-los em suas aulas.
Laureci B. L. de Lima